Nazismo
Após a derrota na 
Primeira     Guerra Mundial (1914-1918), a Alemanha foi forçada a assinar o  Tratado    de Versalhes, em 1919. De acordo com seus termos, o país perdeu grande     parte de seu território, além de sofrer fortes restrições    no campo militar. Foi proibida de desenvolver uma indústria bélica,    de exigir o serviço militar obrigatório e de possuir um exército    superior a cem mil homens. Para piorar, deveria pagar aos aliados uma  vultosa    indenização pelos danos provocados pelo conflito. 
O Tratado de Versalhes foi considerado humilhante pelos alemães e  vigorou    sobre um país arrasado e caótico, tanto no aspecto político    quanto no econômico. O período de crise estendeu-se de 1919 a 1933.    Nesse panorama conturbado, o nazismo surgiu e se fortaleceu. Aos  poucos, chegou    ao governo do país, impondo-lhe uma ditadura baseada no militarismo e    no terror.
Uma república desastrosa
Diante da eminente derrota para os aliados, na Primeira Guerra, o  imperador    alemão, Guilherme 2º, abdicou ao trono no final de 1918. Em 9 de    novembro, foi proclamada a República na Alemanha. Estabeleceu-se um  governo    provisório, liderado pelo Partido Social-Democrata, que assinou a paz    com as outras nações e convocou eleições para uma    Assembléia Nacional Constituinte.

Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo
Entretanto, chefiados por Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, os  comunistas    alemães viam na crise uma oportunidade de tomar o poder, por meio de    uma rebelião. Porém, o governo e as forças armadas acabaram    sufocando o levante, cujos líderes foram mortos. Nem por isso, o  governo    republicano deixou de enfrentar uma oposição de esquerda e de    direita, na medida em que era incapaz de lidar com a precária economia     alemã, que sofria uma terrível escalada hiperinflacionária.
A sociedade alemã empobrecia cada vez mais. Isso apenas fazia aumentar    a tensão social e política, já muito grande. Em novembro    de 1923, o marco alemão estava tão desvalorizado, que um único    dólar equivalia a 4 bilhões e 200 milhões de marcos.
Inflação na Alemanha pós-guerra

Adolf Hitler
O Partido Nacional-Socialista foi fundado, em 1920, por 
Adolf    Hitler, um antigo cabo do exército alemão, de origem austríaca.    Defendia exagerados ideais nacionalistas, que também se misturavam ao    militarismo. Nos primeiros momentos, o grupo era inexpressivo. Reunia  inconformados    com a derrota alemã e os que não acreditavam no regime republicano.
Em 1923, aproveitando-se dos níveis estratrosféricos da hiperinflação,    Hitler e seus correligionários decidiram seguir o exemplo dos  comunistas,    organizando uma revolta armada na cidade de Munique. Tal como o  levante socialista    de 1918, porém, o golpe nazista fracassou e Hitler foi preso.  Permaneceu    na cadeia durante oito meses. Nesse tempo, passou suas idéias para o    papel, com o auxílio de Rudolf Hess, um companheiro de partido. Assim    surgiu o livro "Minha Luta" ("Mein Kampf"), que se transformaria    numa espécie de Bíblia da Alemanha nazista.
Ilusões demagógicas de Hitler
Entre 1924 e 1929 as idéias de Hitler não encontraram eco na    sociedade alemã. O nacional-socialismo só viria a obter respaldo    popular após o advento da grande depressão mundial em 1929. Então,    a já combalida economia da Alemanha entrou em colapso, com a falência    de milhares de empresas, o que elevou para 6 milhões o número    de desempregados.
O desespero gerado pela miséria e a incerteza quanto ao futuro, a  facilidade    humana de acreditar na demagogia e nas soluções autoritárias,    a necessidade de resgatar a autoestima nacional depois das humilhações     do Tratado de Versalhes foram alguns dos fatores que fizeram da  Alemanha um    terreno fértil a ser semeado pelos nazistas. O discurso de um líder    carismático como Adolf Hitler oferecia segurança e a perspectiva    de melhores dias, com promessas e ilusões demagógicas.
Além da classe média, dos camponeses e do operariado em desespero,    as Forças Armadas também se identificavam com as posições    nacionalistas de Hitler. Os grandes capitalistas alemães, por sua vez,     acharam conveniente financiar os nazistas, que aparentavam protegê-los     da ameaça comunista. Assim, de 1930 a 1932, o número de deputados    do Partido Nazista no Parlamento alemão passou de 170 para 230.
Adolf Hitler e o início do 3º Reich
No Parlamento, o próprio Hitler que se mostrou competente no plano    das negociações políticas. Desse modo, a 30 de janeiro    de 1933, o líder nacional-socialista foi nomeado Chanceler, ou  Primeiro-Ministro,    o principal cargo executivo da República alemã. Popularmente,    já era chamado de "Führer" (condutor). Tinha início    o que os nazistas chamavam de III Reich (Terceiro Império), designação     que se refere ao Sacro Império Germânico, da Idade Média,    e ao Segundo Império, que se estendeu da Unificação dos    Estados germânicos, em 1871, à República, em 1918.

O ditador Hitler e seu colega italiano Mussolini
Ideologicamente, Hitler se apropriou de idéias nacionalistas já  em voga na Alemanha, radicalizando-as. Defendia a necessidade de unidade  nacional,  garantida por um Estado governado por um partido único, o Nazista, do  qual  ele era o líder supremo. Identificado com a própria nação,  Hitler passou a ser cultuado como um super-homem pela imensa maioria do  povo alemão.
Superioridade racial da raça ariana
O nazismo proclamava também a "superioridade biológica    da raça ariana" (a que pertenceria o povo alemão) e, conseqüentemente,     a necessidade de dominar as "raças inferiores". Entre estes,    colocavam-se os judeus, os eslavos, os ciganos e os negros. Também era     necessário extinguir os considerados "doentes incuráveis":    homossexuais, epiléticos, esquizofrênicos, retardados, alcoólatras,    etc. Com a ascenção de Hitler ao poder, a ideologia nazista passou    a influenciar também a ciência do país, que se dedicou a    inventar teorias supostamente biológicas para o racismo e o  anti-semitismo.
A conquista do "espaço vital"
Com fundamento nesses princípios, o propósito nazista era construir    um império ariano, puro e forte, centralizado em torno de Hitler. O  passo    decisivo para esse projeto se tornar realidade seria a expansão  territorial    e a integração de todas as comunidades germânicas da Europa    num "espaço vital" único. Além da própria    Alemanha, isso incluiria a Áustria, a Tchecoslováquia, a Prússia    (oeste da Polônia) e a Ucrânia.
Concorrência comunista
Porém, para triunfar, o nazismo precisava combater seu principal  concorrente    ideológico, o socialismo revolucionário ou comunismo, com o qual    teria de disputar a adesão popular. Igualmente totalitário, o    comunismo também se arvorava a construir uma sociedade perfeita, não    só na Alemanha, mas no mundo. Entretanto, no lugar de uma raça    superior, colocava uma classe social - o proletariado - à frente do  processo.    Por isso, o anticomunismo constituía um ponto central do pensamento de     Hitler.
Desenvolvendo uma propaganda agressiva e eficiente, administrada por  Joseph    Goebbels, o Partido Nazista se infiltrou em toda a sociedade alemã e    controlou a imprensa, a rádio, o teatro, o cinema, a literatura e as    artes. Conseguiu incutir na mentalidade do povo a visão de mundo  nazista    e a devocão incondicional ao Führer. A educação da    infância e juventude, em especial, foi usada como uma ferramenta do  Estado,    para gravar no cérebro e no coração de crianças    e adolescentes o orgulho de pertencer à raça ariana, bem como    a obediência e a fidelidade ao "Führer".
Sturmabteilungen (SA) e Schutzstafell (SS)
Mas a vitória do nazismo não se deveu exclusivamente ao trabalho    ideológico, Hitler também empregou a força para conquistar    a Alemanha. Nesse ponto manifesta-se o caráter essencialmente  militarista    do nacional-socialismo que, desde o início, contou com a participação    de organizações paramilitares próprias.

Heinrich Himmler
Para começar, foram criadas as SA ("Sturmapteilungen"), ou    Divisões de Assalto, uma espécie de milícia particular    nazista. Composta por desempregados, ex-militares, desajustados de  qualquer    espécie e até criminosos comuns, espalhavam o terror junto aos    inimigos de Hitler, por meio da surra, da tortura e do assassinato. O  grupo    quase saiu do controle dos líderes e precisou ser transformado numa  nova    instituição a SS (Schutzstafell), ou Tropas de Proteção,    um grupo de elite que contava com homens selecionados e disciplinados.
A partir de 1929, sob o comando de Heinrich Himmler, a SS cresceu e  chegou    a contar com um exército próprio, a Waffen SS (SS Armada),  independente    do Exército alemão. Além disso, também absorveu    a Gestapo, a polícia secreta nazista, em 1939, juntamente com a qual    comandaria os campos de concentração e extermínio nos países    ocupados.
As vítimas preferenciais do nazismo: os judeus
Nos seis anos anteriores à Segunda Guerra Mundial, iniciada em 1939,    os nazistas institucionalizaram a violência, prendendo arbitrariamente     e executando seus inimigos políticos: comunistas, sindicalistas e  líderes    esquerdistas de modo geral.
O nacional-socialismo soube manipular os instintos agressivos do ser  humano    e canalizou o ódio dos alemães particularmente contra os judeus,    pois existia uma tradição anti-semita entre os povos nórdicos.    Desse modo, os judeus serviram como bode expiatório para todos os  males    alemães. A partir de 1934, o anti-semitismo tornou-se uma prática    do governo, além de nacional. Os judeus foram proibidos de trabalhar    em repartições públicas. Suas lojas e fábricas foram    expropriadas pelo governo. Além disso, eram obrigados a usar  braçadeiras    com a estrela de Davi, para poderem ser facilmente discriminados.
A radicalização do anti-semitismo oficial forçou mais    da metade da população judaico-alemã a deixar o país,    à procura de exílio. Às vésperas da Segunda Guerra    Mundial, restavam apenas 250 mil judeus na Alemanha, menos de 0,5% da  população    total. Com a Guerra, tanto estes quanto os judeus dos paíes ocupados    por Hitler foram enviados para os campos de extermínio, o que resultou     no holocausto - o massacre de 6 milhões de pessoas.
Rumo à Segunda Guerra Mundial
Inglaterra, França e Estados Unidos, as três potências    democráticas, não se preocuparam em deter a ascenção    do nazismo. Acreditavam que uma Alemanha forte funcionaria como um  cordão    de isolamento, livrando o Ocidente da influência da União Soviética.    Esta, por sua vez, assinou um pacto de não-agressão com a Alemanha,    em agosto de 1939, em que se comprometiam a não atacar uma à outra    e se manterem neutras caso uma delas fosse atacada por uma terceira  potência.
Desse modo, a Alemanha logo começou a contar com crédito e recursos    internacionais e passou a prosperar. Surgiram empresas industriais  poderosas,    de minério, petróleo, borracha, etc., da noite para o dia. Foram    construídas grandes obras públicas, como estradas e aeroportos,    reduzindo rapidamente e logo acabando (ou quase) com desemprego.
A recuperação econômica deu cada vez mais popularidade    aos nazistas. Ao mesmo tempo, o grosso da população alemã    recuperava autoconfiança. Aproveitando-se disso tudo, Hitler  gradativamente    deixou de respeitar as cláusulas do Tratado de Versalhes. A partir de    1935, a indústria bélica foi reconstruída e o serviço    militar tornou-se obrigatório.
O eixo nazi-fascista
Em 1938, Hitler aliou-se ao ditador italiano Benito Mussolini formando o  eixo    nazi-fascista. Ainda no mesmo ano, passou a controlar a totalidade das  finanças    alemãs, colocando-se à frente do Banco do Reich. Também    anexou a Áustria e os Sudetos, na Tchecoslováquia. Eram regiões    de numerosa população germânica, ricas em matérias-primas    e complexos industriais. As potências democráticas e a URSS  mantinham-se    na passiva posição de simples observadores, mas os acontecimentos    se precipitavam rapidamente na direção de uma Segunda Guerra Mundial.