quinta-feira, 9 de junho de 2011

A Crise Política do Egito


O "Dia da Revolta", ocorrido no dia 25 de janeiro de 2011, foi o estopim inicial da onda de protestos e conflitos violentos entre os civis e as forças de segurança do governo egípcio. Nesse dia, milhares de manifestantes foram às ruas exigir reformas políticas e a queda do presidente ditador Hosni Mubarak.

Os principais pontos de confrontos ocorreram nas cidades do Cairo e Suez, e aos poucos, começou a avançar por outros pontos urbanos do Egito. O "Dia da Revolta" foi inspirado nas manifestações ocorridas em dezembro de 2010, na Tunísia, país onde a população conseguiu derrubar o presidente Zine Al-Abidine Ben Ali, influenciando o mundo árabe a questionar a presença de governos fechados e ditatoriais em seu sistema político.

Egito Wikimedia Commons
Há décadas, qualquer tipo de manifestação popular no Egito era proibida, o país foi governado por Mubarak desde 1981. Um dos principais agitadores das manifestações, o grupo Movimento 6 de Abril, é um grupo político de oposição que tem convocado milhares de civis para ocupar as principais ruas e praças de Cairo e Suez.

O Movimento 6 de Abril obteve o apoio do Irmãos Muçulmanos e da plataforma política liderada pelo Nobel da Paz, Mohamed ElBaradei, que retornou da Áustria para ajudar a liderar o movimento de oposição.

A grande maioria dos civis que ocupa as ruas é composta de jovens nascidos durante a década de 80, uma geração que têm herdado problemas econômicos como desemprego, corrupção política e ausência de investimentos sociais. As mulheres egípcias, consideradas passivas pela religiosidade do país, também começaram a participar ativamente dos protestos. A religião predominante no Egito é a Islã Sunita.

Muhammad Hosni Said Mubarak. Wikimedia Commons
Depois de quatro dias de protestos, o presidente Mubarak rompeu o silêncio e determinou a renúncia de todos os ministros de seu governo, nomeou novos ministros e criou o cargo de vice-presidente, cargo antes inexistente. Na tentativa de conter as manifestações, além da repressão direta contra os manifestantes, o governo determinou toque de recolher nas vias públicas, bloqueou as telecomunicações e a Internet.

Antes do bloqueio da Internet, os jovens egípcios, maioria entre os manifestantes, utilizaram as redes sociais para disseminar pensamentos contra o governo e organizar as concentrações públicas, mas, apesar do bloqueio, os manifestantes continuaram a se organizar nas ruas e a enfrentar as forças de segurança que passaram a contar com o apoio do exército egípcio.

Além das manifestações políticas, criminosos tiraram proveito da agitação popular para saquear estabelecimentos comerciais e museus históricos, mas não se sabe se todos os saques foram realizados por bandidos ou por manifestantes necessitados.

No dia 31 de janeiro de 2011, o governo do Egito ordenou que as Forças Armadas do país não utilizassem a força contra os manifestantes. No mundo inteiro iniciou-se um debate sobre a postura do exército e das forças de segurança nas ruas, perante o número de mortos e feridos entre os civis e militares. Nos sete primeiros dias, o número de mortos era de 138. No lugar de munição real, as Forças Armadas e as Tropas de Choque iniciaram o uso de gás lacrimogêneo e balas de borracha.

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